sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Obama tenta concertar estratégia com a Europa para a crise na Líbia

Em comunicações via telefónica Obama falou com o homólogo francês, Nicolas Sarkozy, e também com os chefes de Governo britânico, David Cameron, e italiano, Silvio Berlusconi. “O Presidente [norte-americano] expressou a sua profunda preocupação com o uso de violência por parte do Governo líbio, que viola as leis internacionais e todos os padrões de decência humana. Os líderes discutiram toda uma panóplia de opções, de forma a responsabilizar as autoridades líbias pelas suas acções, e analisaram também planos para a assistência humanitária”, face à presente crise de refugiados causada pelo conflito, precisava a Casa Branca em comunicado.

Horas antes, vários responsáveis da Administração Obama tinham indicado que os Estados Unidos admitiam avançar para medidas punitivas duras contra Khadafi, desde o plano económico a limitações de armamento, até à adopção de uma zona de exclusão aérea sobre o território – esta última, basicamente, impedindo os aviões líbios de continuarem a levantar voo para, como consistentemente tem sido reportado nos últimos dias, bombardear as zonas do país conquistadas pelo movimento de revolta ou onde as forças leais ao regime ainda continuam a combater para manter o controlo. Não foi sequer afastada a hipótese de uma intervenção militar.

Paris e Londres, a uma só voz, vieram entretanto propor ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projecto de resolução para a Líbia, do qual consta “um embargo total sobre a venda de armas”, “sanções” (ainda não conhecidas em especificidade) e “uma investigação do Tribunal Penal Internacional a crimes contra a humanidade” praticados pelo regime de Khadafi na repressão às manifestações de contestação ao seu regime de mais de quatro décadas.

O Conselho de Segurança, que emitiu na terça-feira tão só uma declaração (não vinculativa) e sem plano de punições contra a Líbia – apesar de muitos analistas terem considerado a linguagem usada “forte” – vai reunir-se de novo hoje, em Nova Iorque. Desta reunião é esperado que seja discutida a proposta franco-britânica, confirmou a chefe da diplomacia francesa, Michèle Alliot-Marie. Não há qualquer indicação, porém, de que alguma resolução seja votada antes da próxima semana.

Pondo já o pé à frente, a Alemanha anunciou esta manhã que está a preparar sanções contra os líderes líbios, em retaliação aos ataques mortíferos contra os manifestantes anti-regime no país. “Isto já não é uma questão de definir prazos, mas sim de agir já, agora”, sublinhou o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, indicando que Berlim vai quanto antes iniciar conversações com os parceiros internacionais, incluindo na União Europeia.

“Decidi que têm que começar a ser preparadas sanções já”, reiterou Westerwelle numa entrevista esta manhã à rádio Deutschlandfunk, durante a qual defendeu que devem ser adoptadas punições como a proibição de deslocação de Khadafi e familiares assim como o congelamento de todos os seus bens fora da Líbia. O chefe da diplomacia alemã afastou, porém, a hipótese de adopção de sanções financeiras contra a Líbia, argumentando que as mesmas só funcionariam contra a população.


Também a NATO vai ter hoje à tarde uma reunião de emergência para discutir a situação “em acelerada mudança” na Líbia, convocada pelo seu secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen. “Vou voltar a Bruxelas nas próximas horas. E antes [da reunião do conselho da NATO] vou conversar esta manhã com os ministros da Defesa da União Europeia para discutir como é que nós podemos, de forma pragmática, ajudar aqueles que tanto precisam agora e limitar os efeitos negativos destes eventos”, explicou Rasmussen antes de terminar uma visita à Hungria.