quinta-feira, 10 de março de 2011

Obama quer destravar comércio com Dilma

Fontes do governo americano em Washington vêm afirmando que a liberalização comercial é um dos temas que o presidente Barack Obama pretende discutir com sua colega brasileira, Dilma Rousseff, em sua visita ao Brasil no fim da semana que vem. 

A vitória dos republicanos nas eleições legislativas do ano passado também criam um ambiente mais favorável no Congresso para acordos de livre comércio.

Obama nomeou um nome pró-abertura comercial, William Daley, como chefe de gabinete, cargo com funções semelhantes à chefia da Casa Civil no Brasil. Ele é um dos arquitetos do Nafta, o tratado de livre comércio da América do Norte.

Em fins de 2010, uma pesquisa do "Wall Street Journal" apontou que 47% dos americanos acham que os acordos de livre comércio prejudicaram os Estados Unidos, enquanto apenas 23% acham que ajudaram. Clifford Young, diretor-executivo do Ipsos Public Affairs, um instituto de pesquisas de opinião, afirma que os americanos são hoje mais céticos em relação à globalização e à abertura comercial do que os brasileiros.

"Nos Estados Unidos, há mais medo da globalização", afirma. "A abertura comercial é associada com perda de empregos, queda de salários e competição de empresas estrangeiras." Se os americanos têm grandes desconfianças em relação à globalização, porque Obama estaria puxando agora uma agenda de liberalização comercial? 
  1. Uma das explicações é que o governo já gastou o arsenal de instrumentos macroeconômicos para reanimar sua economia.Os juros já estão perto de zero e o Federal Reserve vem imprimindo mais dinheiro. Resta, basicamente, a alternativa das exportações.
  2. Outra explicação é que, embora sejam contra globalização, os americanos médios não dão muita atenção para o assunto.Princeton Survey Research Associates (PSRA)/Pew, mostra que 87% dos americanos mencionaram que a economia é o assunto mais importante para o governo e o Congresso, 84% citaram empregos, e 73% apontaram o terrorismo. Apenas 34% consideram prioritário lidar com o comércio global.

Na agenda de comércio de Obama para 2011, por exemplo, recentemente encaminhada ao Congresso, o governo americano diz que vai exigir de países como Brasil, China e Índia mais abertura, em linha com o papel mais importante que essas economias têm hoje no cenário global.

  
O discurso agrada o público local, mas dificulta o entendimento com os parceiros comerciais. Também comete o erro de tratar como um grupo homogêneo países como Brasil e China que, cada vez mais, têm interesses comerciais diferentes entre si.

  

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